quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio.

Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente:
As perdas do ser humano. Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta. Sozinhos.

Começamos a vida em perda e nela continuamos.Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói. E continuamos a perder e seguimos a ganhar.Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair...

E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar. Por quê??? Perguntamos a todos e de tudo. Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás.Estamos crescendo! Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer.Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres.

Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da Vó com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto. Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros. E aprendemos. E vamos adolescendo, ganhamos peso, ganhamos seios, ganhamos pelos, ganhamos altura, ganhamos o mundo.Neste ponto, vivemos em grande conflito.

O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos ah! os sonhos!!! Ganhamos muitos sonhos. Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo.Aí, de repente, caímos na real! Estamos amadurecendo, todos nos admiram. Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima dos outros animais???

A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico e racionalmente planejado?E continuamos amadurecendo, ganhamos um carro novo, um companheiro(a), ganhamos um diploma. E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos e soltar pum sem querer.Mas perdemos peso!!! Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos-lhe aquele beijo estalado, mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade.

E assim, vamos ganhando tempo, enquanto envelhecemos.De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso. e perdemos cabelos. Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir. perdemos a esperança. Estamos envelhecendo.Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo. Afinal, quem nos garante que haverá mesmo um renascer, exceto aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte, mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando, que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede.Que a gente cresça e não envelheça simplesmente.

Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie. Que tenhamos rugas e boas lembranças. Que tenhamos juízo, mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia. Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos. E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

É um sorriso e uma chance que eu espero!

As I lay me down
Heaven hear me now
I'm lost without a cause
After giving it my all
Winter storms have come
And darkened my sun
After all that
I've been through
Who on earth can I turn to?
I look to you
I look to you
After all my strength is gone
In you
I can be strong
I look to you
I look to you
And when melodies are gone
In you
I hear a song
I look to you
After I lose my breath
There's no more fighting left
Thinking to rise no more
Searching for that open door
And every road that
I've taken
Led to my regret
And I don't know if
I'm gonna make it
Nothing to do but lift my head
I look to youI look to you
After all my strength is gone
In you I can be strong
I look to you
I look to you
And when melodies are gone
In you
I hear a song
I look to you
My love is all broken
My walls have come tumbling down on me
The rain is falling
Defeat is calling
I need you to set me free
Take me far away from the battle
I need you to shine on me
I look to youI look
I look to you
I look to you...

E eu que reclamava da vida...

Cansada de uma queimada na rua...
Cansada de subir na ameixeira do vizinho...
Procuro onde esta toda aquela minha emoção...
Emoção em querer novos discos de vinil se hoje em dia são pequenos, brilham, e tocam de um lado só...
Emoção de ser grande, ter minha casa, e eu poder dar as surras nas crianças, e estar no comando, não ser mais a que corre da mãe pela casa...
E eu que reclamava da vida...
Reclamava do dever de casa, de não poder comer na sala, de não poder comprar o que quero...
Eu um dia estive numa multidão reclamando do senado, do JS, junto ao Lula...
Hoje ele reclama da gente e defende o JS...
E eu que reclamava da vida...
Queria dirigir o mais rápido do mundo, com uma mão só como meu pai...
E hoje pude ficar sem as duas mãos no volante, afinal o bandido me assustou...
E eu que reclamava da vida...
Reclamava que não podia acompanhar os lançamentos das barbies, das melissinhas...
Hoje não tenho tempo de usar os inúmeros pares de sapatos que tenho...
E eu que reclamava da vida...
Acordava, te ligava, saia te ligava, comia te ligava...
Hoje nem te conheço mais, não sei onde anda, não sei se sai, nem me interesso mais...
O importante no meio do caos é ver que entram muitas, muitas, e muitas pessoas na nossa vida...
Pessoas piores, pessoas melhores, pessoas apenas, outras nem dignas de serem chamadas assim...
E que existem situações piores no mundo, situações essas com que mal nos importamos, simplesmente deixamos elas ali, não sendo problemas, não sendo conosco, deixam de serem problemas reais.

Um dia, eu terei certeza que meus passos servirão de exemplo a ao menos um ser deste mundo, por mais que o universo, as forças, sejam elas quais forem me fazem mudar a direção.
Um dia, tudo que eu acredito, acreditava, e que ainda ei de acreditar, será escutado, importante, e considerado.
Eu sinto que não percebemos que não estamos morrendo, e sim vivendo, e que ao viver morremos e que e o que de nós ficou claro.
Tudo que construímos tudo cada dia com nossos amigos, cada passeio cada lugar, tudo, não será tão grandioso como alguém dizer: Vou fazer como Iara sempre dizia...
Iara escreveu assim...
Iara foi por ali e deu certo.
Toda renuncia que deixamos de entender agora, servirá para construirmos um futuro, uma historia um caminho...
Se eu tivesse todo o tempo do mundo, seria pra sentar numa praia, conversar, ver as estrelas, sem me preocupar...
Apreciar um sorriso...
Ver uma criança brincando, uma pipa voando, uma bola rolando.
Hoje eu tenho tempo, pra ter tempo, em criar tempo, pra dar tempo de não perder tempo em tempo perdido de um projeto.
Projeto este que não é meu...
Não sonhei com ele...
Um dia eu vi uma criança, brincando, uma pipa voando e uma bola rolando...
E sabe o que eu pensei:
Quero ser grande, quero ser grande e quero agora.
Não sabia que o agora era tão rápido.
E eu que reclamava da vida...