quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Cotidiano

O que leva alguém perder-se...
Onde esta o meu centro?
Onde estou eu se não nos textos, em cartas...
Sou facilmente convencida por um gesto
Tenho o dom de me atrapalhar e me esconder em relações impossíveis
Quantas vezes não me vi totalmente feliz ao lado daquela ou desta pessoa e acabei com tudo...
Não adianta, não posso tocar a vida sem o prazer de sentir.
Sentir o frio que embala o estomago ao o ver passar
O desespero que me leva a perder a noção da hora por ver apenas a sua presença
Eu perco o chão quando estou a seu lado
Toda aquela conversa, eu que sou vasta, de muito assunto fico gaga, desviando o olhar...
Eu sou medrosa, não encaro mesmo seus lindos olhos.
Tenho medo de imaginar-te com outra
Apesar de já ter visto...
Hoje eu sigo como diria Tom Jobim...

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Como aceitar, onde colocamos o amor que é rejeitado?
O que significa essa etapa da vida, em quem nos quer recusamos, e que queremos nem se importa?

Eu que segurei meu grito, aflita no caminho...
Aguentava sem que soubesses desse meu desalento...
Meu refugio era te ver passar...

Hoje minha vergonha desta vergonha...
Me fez sofrer essa noite toda
Já nem sei o quanto sofrerei...
Talvez mais uma, ou mais nenhuma...

Lá vem eu precisando do tempo
Tempo este que muitos reclamam e eu sou salva
Já fugi tantas vezes...
Como aquele caranguejo, volto para trás.
Este é meu cotidiano...

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